terça-feira, 19 de abril de 2011

Seminaristas recebem formações sobre movimentos.

No dia 13 de abril recebemos em nosso seminário uma visita muito especial! Dona Iracema veio dar uma formação sobre o movimento da Renovação Carismática Católica.

Essas formações fazem parte de um plano que temos de apresentar aos seminaristas as diversas formas de espiritualidade, movimentos, pastorais e enfim, o quanto a Igreja é grande e diversa. A beleza da Igreja está na diversidade de carismas que o Espírito Santo de Deus inspira para cada pessoa, contudo vale lembrar que é igualmente belo e valioso a unidade da mesma.

Dona Iracema, Coordenadora Diocesana da RCC, começou esclarecendo assuntos polêmicos. Como por exemplo, o batismo no Espírito Santo. "É uma curva de 90 graus. Faz nós olharmos tudo ao nosso redor de uma maneira diferente".
A Renovação começou com alguns jovens que desejavam experimentar esse batismo no Espírito. Depois de três dias orando e jejuando a unção do Espírito desceu sobre eles.
"A primeira coisa que vem após o batismo no Espírito é a oração em línguas", disse a coordenadora.

Ela também contou-nos experiências próprias da vida. Como no início foi difícil ser aceita na Igreja, e como hoje em dia há grande adesão principalmente de jovens. "Foi uma luta", e sempre será.

Depois nos ensinou sobre o funcionamento dos Grupos de Oração.

Também já estiveram aqui mulheres da Legião de Maria para nos mostrar como funciona e trabalha o movimento.
Dona Iracema no início da formação.


De amarelo no canto direito seu marido Arnaldo


Pe. Júnior, ao final, agradecendo.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Um presentre de Deus

Por muito tempo esperávamos que algo parecido acontecesse, porém não imaginávamos que a misericórdia amorosa de Deus pudesse nos dar um presente desses! Aconteceu que no dia 12 de abril começamos aqui em nosso seminário aulas de canto com a musicoterapêuta Luiza Thomé. Com uma animação e uma alegria sem igual, permaneceu neste primeiro encontro por quase duas horas. Cantando e rindo, mas falando sério, ela nos disse que hoje em dia é muito bom que o padre saiba cantar. "Não precisa ser um Pavarotti, mas deve pelo menos conhecer o mínimo de música!". Luiza é natural de Criciúma, e quando descobriu que sua vocação era a música decidiu alçar voos mais altos. Foi para São Leopoldo, no Instituto Superior de Música. A turma começou com 20 alunos, mas só três formaram-se, entre eles a Luiza. Ela também nos contou um pouco de sua história. "Se hoje eu canto é por um milagre!" disse a musicista que superou graves problemas nas cordas vocais. Contou-nos também que já cantou para Vossa Santidade o papa Bento. "Não sabia o que falar, e ele estava na minha frente, então comecei a cantar Ave Maria. Ele parou e ficou-me olhando!". E assim aprendemos que cantar não significa nem gritar e nem só soltar a voz. O belo canto exige conhecimento, amor, técnica. Por isso trabalhamos o corpo todo, desde a postura, as mãos... mexemos, rebolamos, dançamos, alongamos. Foi quando perdemos as tensões que a coisa séria começou. Terminamos o encontro agradecendo a Deus pela sua bondade. E cheios de ideias já planejávamos os próximos. Luiza, sua presença em nosso meio é uma grande felicidade. Você já faz parte dessa família que é o seminário. Estamos rezando por você e pedindo as bênçãos de Deus sobre você e toda a sua família.




sábado, 2 de abril de 2011

Rafael: aniversariante do mês de março.



No dia 20 de março quem soprou as velinhas foi Rafael Borges, propedêuta da cidade de Sombrio. Ele fez questão de escrever sua história de vida e superação. Desde muito pequeno fui muito ligado à Igreja, mas a Igreja começou na minha casa. A minha mãe e minha avó que me ensinaram os primeiros passos na oração: ensinaram-me a rezar e também o que era certo e o que era errado na vida.

Fui crescendo num bairro simples, numa rua simples, com pessoas simples, e uma dessas pessoas convidou-me para ir à Igreja. Fui e comecei a frequentar, e desde aquele dia nunca mais parei de ir. Desde então senti um calor muito forte em meu coração e a vontade de ser padre, mas as pessoas, famílias e amigos não levavam a sério quando eu dizia que queria ser padre. Só aquela mulher, minha vizinha e ministra da Igreja, sempre acreditava. Naquele bairro tinha muitos amigos, os quais tenho até hoje, mas certo dia minha família decidiu mudar-se daquele bairro, São Luiz, Sombrio, para o outro lado da cidade, Bairro Nova Brasília. Um bairro recém criado que ainda tinha poucos moradores. Na minha rua só havia três casas e nelas só moravam mulheres. Apesar do tempo comecei a frequentar a escola e conheci alguns amigos, alguns eram bons e outros nem tanto. Vivia angustiado na nova morada pois não havia ainda igreja. Na comunidade mais próxima minha mãe não deixava participar, pois era longe demais para uma criança ir a pé.


Conheci um amigo chamado Alan, e me identifiquei muito com ele. Fiquei muito amigo também da família dele. Neste tempo passava até o sonho de ser padre, mas a fé não morria. Até que numa tarde de domingo, nós estávamos andando de bicicleta e o Alan atravessou a esquina no mesmo tempo que um ônibus sem perceber cortou sua frente, atropelando meu amigo e esmagando quase todo o seu corpo. Alan veio a falecer naquele mesmo instante. Eu entrei em estado de choque. Naquele dia muita coisa acabou para mim. Chorei muito e só no outro dia fui ao velório. Naquele tempo minha família novamente mudou-se.


Voltando para o bairro São Luiz, num casarão. Era tudo muito diferente, e naquela rua tinha bastantes jovens. Comecei a fazer novos amigos e conheci quatro jovens. Nós tínhamos algo em comum, um espírito aventureiro. Convivi 7 anos com eles e aprendi muita coisa. E eles começaram a me apresentar algumas gurias, assim eu comecei a namorar. Só que quando eu beijava uma guria, meu coração ardia lembrando-se da vontade de ser padre. Só que ficava quieto por vergonha de brincadeiras.


Algumas atitudes deles me fizeram refletir muito, então comecei a voltar para a Igreja. Fiz minha primeira comunhão e minha crisma. Vi minha família aumentar cada vez mais. Muitas pessoas vinham me pedir orações por elas e eu muito rezava. Comecei a ficar popular por lá. Só ficava chateado porque meus amigos não se interessavam pela Igreja, mas eu continuava amigo deles.


Comecei a trabalhar num mercado recém inaugurado. Até que um dia estava indo trabalhar e passei em um posto de gasolina, onde queria ler o jornal e conversar com amigos. Chegou um caminhão tanque muito bonito. Eu era ainda adolescente curioso e subi na traseira do caminhão. Quando fui descer senti um choque muito grande, que me fez cair da escada até o chão. Mas quando o choque passou, só sentia um arrepio. Perguntaram se eu queria ir até o hospital e eu disse que não, queria trabalhar! Aquela semana não foi a mesma, senti alguma coisa diferente. Minha mão esquerda estava perdendo os movimentos, mas eu tinha vergonha de dizer para a minha família. Minha mãe soube do incidente, e minhas pernas também já estavam perdendo os movimentos. Entrei em estado de choque. Num domingo um casal de amigos levou-me para Porto Alegre fazer uma tomografia e foi constatado um problema cerebral sério. Fiquei internado aquela semana fazendo uma seção de exames, até descobrir que estava com duas bolas no cérebro, pensei que eram tumores mais descobrimos que eram coágulos, de 3 a 5 cm. Eu já estava em estado grave. Foi quando me avisaram que eu tive um AVC hemorrágico. Eu poderia ficar daquele tipo numa cama a vida toda ou não. Entrei em estado de choque, pois tinha muitos sonhos.


Voltei para casa, e muitas pessoas iam visitar-me. Diziam que eu não sobreviviria, ficava chateado. Via minha família ser aos poucos arrasada por causa da minha doença. Foi então que comecei a fazer fisioterapia diariamente. Sentia muita dor e não gostava muito, mas era obrigado pois minha família cobrava muito. Então algumas melhorias começaram a aparecer. O ano letivo começou e eu fui de muletas e com a voz enrolada. Machucava-me muito ainda ver as crianças fazendo esporte e eu não podendo. Cheguei a ter raiva de mim. Mas tinha confiança que Deus me preparava algo.


Depois de um ano comecei a andar sem muletas. Voltei a trabalhar naquele mercado, embora houvessem me dito que "pessoas aleijadas não trabalham", por isso fui buscar outro emprego. Ouvi muito "não" por causa da minha deficiência. Foi então que me decidi oferecer para trabalhar no melhor mercado da cidade, fui contratado para ser empacotador. Mesmo sem movimentar a mão esquerda, empacotava usando a mão direita e a boca. Aos poucos meus movimentos voltavam e minha fala também. O mercado ajudou-me muito na recuperação e eu fiz muitos amigos. Inclusive um ex-seminarista.


Conversava muito com ele e disse da vontade de ser padre. Então ele me recomendou ir conversar com o Pe. Thiago. Foi difícil criar coragem para conversar com ele. Cada vez que passava em frente da igreja ardia-me a vontade de ser padre. Então criei coragem e fui falar com o vigário, falei da minha vontade de ser padre. Foi então que fiz um estágio vocacional e fui aprovado.


Hoje, aqui no seminário, estou muito feliz. Não sinto mais aquele vazio que tinha em meu peito. Fiz novos amigos, e cada dia que passo sinto o sacerdócio mais perto do meu coração.